PREFEITURA MUNICIPAL DE
TERRA NOVA

História

Terra Nova: História, Memória e Identidade

Origens: Breve História

As primeiras referências ao que hoje conhecemos como Terra Nova remontam ao século XVIII, quando o antigo Engenho Terra Nova figurava entre os quinze engenhos registrados na Freguesia de São Pedro de Itararipe e Rio Fundo. Os documentos, preservados no Arquivo Público do Estado da Bahia, revelam a força da cana-de-açúcar como matriz econômica e social que moldou o destino dessa terra.

Em 1819, o nome de Luís Paulino Pinto da França — baiano, marechal e deputado português — marca um novo capítulo. Tendo vindo ao Brasil com a Família Real em 1808, ele obteve autorização de Dom João VI para fundar o Engenho Aramaré, com o direito de instalar uma feira livre semanal. Assim nascia, entre os canaviais e as estradas de barro, o embrião do que viria a ser Terra Nova.

Com o tempo, a feira ganhou fama e o local, conhecido como Rua da Quinta-feira, tornou-se o coração de um povoado que crescia ao redor do comércio e do trabalho.

Durante a gestão do prefeito Eduardo Valente, a antiga rua recebeu novo nome: Praça Luís Paulino, em homenagem ao pioneiro que semeou o progresso. Mais tarde, em 1854, os filhos de Luís Paulino venderam Aramaré a Manoel Costa Pinto, futuro Visconde de Aramaré — figura que daria continuidade à saga açucareira do Recôncavo.


A Usina Terra Nova

Com o tempo, o engenho deu lugar à indústria. A força dos bois e das moendas de madeira foi substituída por caldeiras e roldanas.

Em 1899, um contrato firmado entre o Governo do Estado e a empresa Cezar Rios & Companhia deu origem à Usina Terra Nova, projetada para moer 250 toneladas de cana por dia — mas construída para 400, tamanha a ambição de seus idealizadores. O documento original, datado de 1908, ainda repousa nos arquivos públicos baianos.

Durante a Primeira Guerra Mundial e nas décadas seguintes, diversas usinas do Recôncavo, incluindo a de Terra Nova, passaram ao controle da Casa Magalhães & Cia., que criou a empresa Lavouras Indústrias Reunidas (LIR) para administrá-las.
A usina, porém, foi mais que uma fábrica: foi o coração pulsante de uma comunidade. Seus trabalhadores mantinham locomotivas, vagões, maquinários e casas — um ecossistema social movido pelo açúcar e pela esperança.


A Ferrovia

O progresso chegou sobre trilhos.

A Estrada de Ferro de Santo Amaro, inaugurada em 1883, ligava o porto açucareiro à localidade do Jacu, passando por Terra Nova. Essa conexão impulsionou o crescimento do povoado, integrando-o à Freguesia de Rio Fundo.

Na década de 1960, entretanto, o ramal ferroviário foi desativado — e a poeira das estradas substituiu o apito dos trens.


Educação, Fé e Cultura

Entre as caldeiras da usina e o sopro dos ventos do Recôncavo, floresciam também o saber e a fé.

A primeira professora, Dona Maria Luíza de Paiva Luna, conhecida como Dona Lulu, abriu as portas do conhecimento em sua própria casa, no final do século XIX.

Mais tarde, vieram outros educadores — entre eles, a professora Conceição, lembrada com carinho pelos moradores mais antigos.

A Igreja Católica teve papel central na formação moral e comunitária de Terra Nova. No cruzeiro da praça, na capela da usina e depois na Igreja de São Roque, a fé reunia operários e fazendeiros sob as bênçãos do Padre Liberato, pároco de Rio Fundo.

O cotidiano era animado por festas populares, micaretas, carurus de São Cosme e pela força do candomblé, herança viva da ancestralidade africana que ecoa até hoje na cultura terranovense.


Da Usina ao Município

Em 1953, o povoado foi elevado à categoria de distrito de Santo Amaro, com o nome de Terra Boa.

O passo seguinte veio em 20 de outubro de 1962, quando a Lei Estadual nº 1.532 criou oficialmente o Município de Terra Nova, formado pelos distritos de Terra Boa, Jacu e Rio Fundo.

O primeiro prefeito, Edito Teles de Menezes, governou entre 1963 e 1967, conduzindo os primeiros anos da emancipação.

Em sua gestão, nasceu o Ginásio Oscar Pereira de Magalhães (1964), sob a direção do padre Moisés Pinho dos Santos.

A lista de prefeitos que sucederam Edito Teles se estende até os dias atuais — uma linha do tempo de gestões, desafios e conquistas que compõem a história política do município.


O Silêncio das Caldeiras

Em 1972, o fechamento da Usina Terra Nova marcou o fim de uma era.

Com ela, encerraram-se também o hospital, o posto médico e as moradias pertencentes ao grupo Magalhães. Muitos operários partiram em busca de novos horizontes; outros permaneceram, tecendo com resiliência o futuro da cidade.

Da antiga usina, restaram a chaminé, o escritório e o chalé — hoje, sede da Prefeitura Municipal de Terra Nova, símbolo de memória e permanência.

(Fonte: Viraldo B. Ribeiro/Espaço Bangüê)